As variedades que nos cercam: o curso de Letras, a sociedade e um e-book!

O homem é um ser social, portanto se comunica constantemente com outros sujeitos. Dentro dessa sociedade, rica em contextos, possibilidades de interação, diversidade de falantes e uma gigantesca pluralidade cultural, a comunicação é assegurada por meio da língua, que se adapta de modo a suprir as necessidades dos falantes. Essa adaptação gera determinadas variações, percebidas a partir de diferentes fatores, tais como idade, gênero, origem cultural, características regionais, entre outras. O profissional das Letras, então, ao longo de sua formação, não pode deixar de ter contato com essas variedades, a fim de compreendê-las e observar os diferentes usos atribuídos à língua pelos seus falantes, eliminando, com isso, o preconceito linguístico.

Por esse motivo, no primeiro semestre letivo do ano de 2022, na disciplina de Sociolinguística, ministrada pela Profa. Dra. Patricia da Silva Valerio, professora do PPGL e do curso de Letras da UPF, os estudantes foram instigados a produzir ensaios, após uma observação do uso da língua em sua comunidade de fala, os quais constituíram um e-book, organizado e construído pela professora em conjunto com os alunos, que tornou pública essa ação de aproximação entre universidade e comunidade. Pela relevância e atualidade da temática, a professora foi convidada pela Letrilhando para uma conversa em primeira mão sobre esse trabalho que acaba de ser lançado e apresenta um pouco dos estudos desenvolvidos no curso de Letras e, também, das diferentes comunidades de fala em que os graduandos estão inseridos.

Segundo a organizadora do e-book, a proposta surgiu pelo caráter extensionista da disciplina, com o intuito de engajar os acadêmicos nas ações do projeto “Território da Educação e da Formação Humana”, estreitando, assim, os laços entre academia e sociedade. Professora Patricia explica que “foi proposta uma atividade de investigação, de cunho linguístico, em comunidades do município e/ou região, com vistas a conhecer e mapear as variantes linguísticas utilizadas, visando à promoção da valorização da fala das comunidades e à conscientização sobre o preconceito linguístico”.

A organizadora salienta a importância dessa publicação na vida dos acadêmicos, os quais, apesar do pouco tempo disponível – uma vez que muitos trabalham durante o dia e estudam à noite – possibilitou uma imersão, uma vivência extensionista, fazendo-os mergulhar no universo investigativo a partir dos usos sociais da linguagem. Ademais a escrita e a publicação dos ensaios “além de concretizarem uma experiência de integração entre ensino, pesquisa e extensão, permitiram a produção de um texto direcionado a outros interlocutores, além da professora-orientadora, o que extrapolou os objetivos iniciais da disciplina”. Por isso, percebe-se um saldo muito positivo com a publicação desta obra, a qual constitui um material de relevância para a análise do uso da linguagem na região de abrangência do curso de Letras e uma oportunidade significativa de crescimento acadêmico, pessoal e profissional dos estudantes envolvidos.

A professora salienta ainda que o objetivo do trabalho foi atingido considerando que proporcionou aos graduandos de Letras uma visão da linguagem a partir das interações sociais nas comunidades em que os estudantes estão inseridos. A pesquisadora reitera ainda que “a ação permitiu a socialização de catorze ensaios que representam os resultados de estudos que integram ensino, pesquisa e extensão. Por fim, é importante destacar que toda a produção foi feita por uma das estudantes da turma, que fez a diagramação e a arte da capa, o que envolveu os acadêmicos de modo direto do início ao fim da proposta”, como forma de assinalar o protagonismo e o envolvimento dos acadêmicos na diagramação e na pesquisa que culminaram no e-book.

Por isso, a professora avalia a atividade como bem sucedida, destacando a contribuição da Biblioteca da UPF. “Importante destacar que a produção do e-book contou com valiosa contribuição da Biblioteca UPF que produziu, gratuitamente, a ficha catalográfica do e-book, o que estimula docente e discentes a darem continuidade a esse tipo de experiência com outras turmas”, afirma Valerio. Por ser necessário oportunizar uma experiência extensionista aos estudantes, o produto final dependerá da metodologia adotada pelo professor responsável pela disciplina, sendo o e-book uma das formas encontradas para a socialização dos estudos derivados da imersão na comunidade.

Muito mais que falar sobre esse importante trabalho, é válido desfrutar da qualidade dos ensaios publicados e conhecer um pouco mais – teórica e empiricamente – as variações linguísticas que nos rodeiam. Parabéns à professora e aos acadêmicos envolvidos pelo significativo e rico trabalho desenvolvido, o qual pode ser acessado a seguir:


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